sexta-feira, 27 de maio de 2011

Platônico

Eu não lembro bem quando foi que aconteceu. Acho que nasceu de uma brincadeira, comentários feitos entre amigos bêbados em uma noite de lua e boêmia.

Acho que eu disse que ele era bonito e todos concordaram. Não sei se comentei mais algo, mas nesse dia ele entrou em meu coração sem pedir licença. Trouxe suas malas e fixou morada dentro de mim, ocupando um espaço a tanto tempo vazio; um lugar que jazia seco e sem dono certo. A morada árida de meu coração tão ferido, onde as folhas secas dançam solitárias embaladas pela canção triste do tempo.

Ele chegou com sua cor de fogo, sol abrasador que queimou a dor, a mágoa dos amores passados que tanto me fizeram mal. Ele me fez sentir único, um único homem apaixonado que desde então, viu cores onde tudo se tornara preto e branco.

Sua presença inocente me traz segurança, seu jeito de menino-homem me arranca risos bobos que só os apaixonados conhecem. Quando olho seus olhar castanho-claro, que a luz fraca das noites em que o vejo é quase verde imagino-me frente ao mar calmo do entardecer. É como se eu estivesse sentado na areia branca, olhando as águas mansas onduladas pela brisa fria da noite que se aproxima. Espero que ele venha e ponha as mãos em meus ombros, que me faça uma massagem nas costas cansadas e diga ao meu ouvido que o tempo de abandono acabou e que ele veio a mim para trazer a alegria do amor que aguardo tão fielmente.

Mas isso não acontecerá. Ele não sabe que mora em meu peito, nem conhece a praia em que eu tão esperançoso o aguardo.

Ele não sabe que meu coração queima de paixão ao ver sua face e sequer imagina que minha boca anseia pela sua.

Eu me apaixonei, ele não.

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